A musa e o tango Conto Imagem: "La musa del Tango" (The Muse of Tango) Pintura Mural (1998), by Jorge Muscia Fazia tempo que Arthur sonhava frequentemente com uma melodia. No sonho, uma bela moça executava a música em uma flauta. O aspecto da moça era de uma beleza exótica, como se não pertencesse a esta época; uma longa cabeleira castanha se estendia sobre seus ombros; mas o elemento que mais claramente aparecia no sonho era a música, uma melodia doce e rica em variações harmônicas. Após acordar, Arthur tentava reproduzir a melodia no seu piano, mas não era fácil lembrar a música onírica durante a vigília; portanto, o pianista demorou alguns dias para recordar as primeiras frases musicais ouvidas naquele sonho recorrente. O sonho vinha com frequência, chegando a ser quase diária. O aspecto da moça variava algumas vezes, mostrando-se mais morena ou mais loira, e o formato da flauta também se mostrava variável. Esta, em algumas ocasiões, aparecia dupla, com duas extensões bi
Olho os gatos da minha rua Eles sabem de magia noturna E acompanham a lua feiticeira Que, desde o alto Vê todas as distâncias Ela é espelho de cada palmo da terra Ela nos une em seu reflexo Olhos os gatos do Parque Lezama Eles também te conhecem Talvez alguma vez viram de perto A crueldade e a estupidez De que as vidas se leiloem A cinquenta por dúzia Talvez não tenham sete vidas Mas uma que valorizam por sete Que cuidam como se fossem sete E vivem como sete Olham para a lua feiticeira E lhe perguntam Se essas pessoas que veem desde as árvores E desde as sacadas Se essas pessoas sabem que vivem Se foram advertidas Ou se simplesmente Não querem viver E esse espelho do mais oculto do ser A sábia lua feiticeira O sabe Mas não faz sentido dizê-lo Os gatos de Buenos Aires e o do mundo o adivinham Descobrem teus cálidos olhos Feitos para amar o crepúsculo De mais de setecentos h
Em um campo semeado de crepúsculo deixei uma idílica juventude. Cresci à força de desencontro e preferi escolher minha própria tragédia. E a tragédia não estava em cenas de filmes românticos; a aventura não era um doce passeio, parecia-se mais ao amargo chimarrão. O frio da vida solitária gelou-me até os ossos. E a pesar de todos os sonhos, eu estava infalivelmente só. GA 17/11/2016
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